




HEMATOFAGIA
De origem polifilética, com características convergentes (ex. apirase salivar) na evolução. Existem cerca de 19.000 espécies, distribuídas em 500 gêneros, de artrópodes hematófagos. No caso especifico vamos tratar de um artrópode em que sua via de transmissão de patógeno e pela saliva durante a hematofagia. O artrópode hematófago ingere uma grande quantidade de sangue em um único repasto, freqüentemente muitas vezes o seu peso antes da alimentação. A atividade anticoagulante das glândulas salivares de fêmeas do transmissor da febre amarela e da dengue, Aedes aegypti, é dirigida ao fator Xa. O inibidor de 54 kDa é termolábil e apresenta similaridade com os membros da família das serpinas, inibidores de serino-endopeptidases largamente distribuídos na natureza e contêm também inibidores de fXa. A ativação da cascata da coagulação leva à formação do fator Xa, enzima da classe das serino-endopeptidases que converte protrombina em trombina. A trombina é a enzima responsável pela conversão do fibrinogênio em fibrina. É uma serino-endopeptidase com grande especificidade por seus substratos, que apresenta dois sítios reguladores distintos do sítio ativo. Essas regiões, chamadas exosítios I e II, são carregadas positivamente e importantes para a ligação da enzima com fibrinogênio, receptor de plaquetas, trombomodulina (exosítio I) e heparina (exosítio II). A eliminação do coágulo é um passo essencial no processo de reparo tecidual. A hematofagia está presente em mais de 14 mil espécies de artrópodes, dentro de 14 famílias. Para o sucesso do parasitismo, os animais hematófagos precisam bloquear as defesas hemostáticas do hospedeiro produzindo antagonistas que serão injetados através da saliva. A caracterização dessas substâncias tem revelado uma enorme variedade de estruturas e funções e elas são fontes potenciais de compostos úteis na terapêutica ou como ferramentas para estudos da fisiologia dos processos vasculares e hemostáticos. Ao longo da evolução, as espécies de animais hematófagos desenvolveram um grande repertório de substâncias anti-hemostáticas. A capacidade de hematofagia é um fenômeno que surgiu independentemente diversas vezes no curso da evolução. Algumas famílias e mesmo gêneros de insetos que possuem espécies hematófagas divergiram antes do aparecimento dos mamíferos, de modo que mesmo espécies muito próximas apresentam soluções diferentes para bloquear a hemóstase dos respectivos hospedeiros. Além dos danos que causam com a espoliação de sangue, muitos parasitas hematófagos são vetores de agentes de doenças, como a malária, a febre amarela, a dengue, a doença de Chagas e muitas outras. As substâncias presentes na saliva que é injetada no hospedeiro modificam as características do tecido lesado e isto pode contribuir para a transmissão do patógeno.
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