sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Dengue to fora.


Segunda , 07 de Setembro de 2009Página Inicial | Indique este Site
Saúde

A dengue avança
Marco Aurélio Martins / A
Vasos, baldes e latas em terrenos baudios são um


Um novo caso de dengue hemorrágica foi diagnosticado em Salvador. Gabriel Medeiros Mercuri, de 6 anos, está internado no Hospital Aliança desde o sábado passado, 19, quando deu entrada com febre alta, manchas vermelhas e dores musculares. Mesmo apresentando melhoras na terça-feira, 22, na quarta, 23, Gabriel sofreu hemorragia na pleura e no coração e teve de ser conduzido à UTI pediátrica. Segundo a mãe, Creuza Medeiros Mercuri, o garoto está reagindo bem ao tratamento, e a expectativa é que deixe em breve a unidade de terapia intensiva.

Apesar do tempo de observação, a suspeita, de acordo com Creuza, só foi confirmada na quinta-feira passada, 24. O popular teste do laço – que descartou inicialmente o tipo hemorrágico – e o fato de Gabriel nunca ter contraído dengue dificultaram um diagnóstico inicial. Com atuais 48 mil plaquetas no sangue – o normal para uma criança nessa idade é cerca de 150 mil –, o garoto passou por recente exame sorológico, que detectará o tipo do vírus infectado.

“Ele está bem, hoje brincou, viu televisão e está mais disposto. Mas ainda se queixa do abdome, bastante dolorido por conta da hemorragia, e nós mal conseguimos pegar ele no colo, pois as dores são insuportáveis”, disse. Alérgico a alguns medicamentos, Gabriel também sofre de asma – detalhes decisivos para a família procurar imediatamente a emergência ao surgimento dos primeiros sintomas. O Hospital Aliança, sob a justificativa de que as informações sobre os pacientes só podem ser dadas por seus familiares, não emitiu boletim médico.

MEDO – Moradora do Largo 2 de Julho, a estudante de enfermagem, de 40 anos, teme pela saúde da outra filha, de um ano e sete meses. “Atrás de onde moramos há um terreno baldio, a residência ao lado é abandonada. Em casa, não há água acumulada, temos cuidado inclusive de usar repelentes, mas nada adianta se houver focos do mosquito na vizinhança”, diz, acompanhada do pai de Gabriel, o eletrotécnico Luiz Alberto Mercuri Neto.

Salvador teve na terça-feira, 22, sua primeira vítima de dengue hemorrágica em 2008. Daniela Pereira dos Santos, de 9 anos, morreu depois de ser internada na UTI do Hospital da Cidade, no bairro da Caixa d’Água. O diagnóstico só veio na terceira vez em que a menina deu entrada na emergência da unidade – da primeira, o pai foi informado de que ela estaria com virose e recomendado a retornar com Daniela para casa.

A Bahia já registrou desde janeiro 15.968 casos de dengue, dos quais 22 são da forma hemorrágica. Uma estatística da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador chama a atenção para o perfil da incidência: 90% das infestações ocorrem em casas de um ou dois andares, onde vasos de plantas e garrafas vazias servem de criadouro do mosquito Aedes aegypti. Casos no Rio de Janeiro, entretanto, já comprovaram que o inseto pode alcançar apartamentos altos.

No Largo 2 de Julho, onde Gabriel contraiu o tipo mais perigoso da dengue, as possibilidades de o mosquito Aedes aegypti se reproduzir são variadas. Há poucos metros de sua residência, um terreno desmatado é depósito de garrafas e recipientes de plástico vazios, onde a água se acumula após a chuva. Com aberturas da largura de um palmo, um reservatório abandonado indica outra provável morada do inseto.

“O agente de saúde só veio aqui quando a família (de Gabriel) chamou, depois de o menino adoecer”, explica a estudante Priscila Gabriela Santos, de 23 anos, apontando para o terreno. Da janela do sobrado que divide com a tia, é possível notar onde mora a falta de informação. Calhas de madeira, entulhos acumulados e vasos de plantas – um na sua própria janela – facilitam a propagação da doença.

Morador da mesma rua, o flanelinha Paulo César Oliveira, de 33 anos, se recupera da doença, manifestada há 15 dias. “Não foi a hemorrágica, mas de qualquer forma preocupa. Até hoje eu não me recuperei”, diz. Creuza Borges Mercuri, mãe de Gabriel, explica como “a situação de abandono do 2 de Julho” facilita a incidência. Para ela, “o excesso de lixo amontoado nas ruas facilita o aparecimento desta e de outras doenças”.

Texto: Emanuella Sombra, do A Tarde / Postado em 26/04/2008 ás 11:54



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